quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Alegria da Vida

Descobrir que existe vida após o sofrimento é só pra quem passa por isso.
Estou internada a 1 ano e 12 dias.
Descobri, meio sem querer, essa doença misteriosa.
Que corrói tudo por dentro como se fosse um ácido, que queima sem doer.

Estava eu, em minhas tarefas diárias, quando de repente uma tontura me abala.
A princípio, achei que era pressão baixa.
E daí veio o sangramento no nariz.

Meu namorado achou que era o tempo que estava seco demais, mas achou melhor eu ir no médico.
Fui sozinha, pois achei que fossem exames de rotina.
No dia seguinte, o médico meio apreensivo me perguntou: Tem algum parente lhe esperando do lado de fora?
Achei a pergunta tão idiota. Como se eu tivesse 5 anos de idade.
Disse que não, mas que ele poderia me explicar o porque disso.

Foi aí, que como naquela música da Maysa, “Meu Mundo Caiu”.
Pensei muito em porque isso estava acontecendo comigo e se eu realmente merecia.
Um sentimento de tristeza tomou conta de mim.
Meus familiares, é claro, me dando apoio e meus amigos também.

Foi quando a quimio maldita começou.
O mais engraçado é que não nos preocupamos com o mal estar, os enjoos e sim com o cabelo!
Pois é, meu cabelo a base de muitos químicos e alisamentos caiam como se fosse folhas ao vento.
Foi aí que toda a revolta que eu sentia, se transformou em um sentimento pior: fiquei com pena de mim mesma!
Como se tudo o que investi a vida inteira em mim não representasse nada perante ao que eu passava.
Todas as pessoas que via pelos corredores do hospital estavam na mesma situação que eu: pessoas bem sucedidas, com as vidas feitas e com dinheiro pra comprar o que quisessem não significava nada perante de uma doença que não distingue classe social e nem idade.

Minha vida se reduziu em um quarto de hospital e em visitas de pessoas nas quais eu tinha que forçar um sorriso falso.
Foi aí, que depois de eu me acostumar com essa rotina e de ter conhecido muitas pessoas, dentre elas a Cláudia. Uma menina de 12 anos que era mais madura que eu, com 25.

Ela me visitava todos os dias, me convidava para as atividades do hospital e me mostrava pelo seu notebook, músicas novas que ela descobria pela internet.

Foi em um dia chuvoso, meio frio até que veio a notícia que fez com que eu entendesse o porque de tudo aquilo: Cláudia se foi.
Ela sempre era extremamente consciente de sua situação, mas em nenhum momento se deixou abalar com o que os médico diziam.
Cláudia me dizia que quando saísse do hospital iria me procurar para viajarmos pelo mundo, já que eu era mais empacada que uma mula!

Exatamente 10 dias após seu falecimento, me veio a noticia mais esperada por mim, mas que agora não tinha o significado tão grandioso quanto eu esperava ter: vou ter alta.

Meu sangue estava limpo o suficiente para poder ir para casa.
Foi quando depois de 1 ano vi e ouvi os pássaros nas árvores.
O que antes não fazia sentido nenhum pra mim, hoje é o espetáculo mais lindo que eu podia presenciar.
E senti a vida novamente sorrindo pra mim. Um sentimento tão alegre e maior que tudo que já tinha vivido.
Hoje, meu valores mudaram e com ele minha visão de mundo.

E aprendi que, muitas vezes, o ser humano tem que passar por sofrimentos, para dar valor a aquilo que realmente importa: a alegria de viver.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Minha Vida Sem Você


Hoje já fazem 19 dias e 5hs que não vejo mais seus olhos grandes e brilhantes, como a lua que toda noite insiste em fazer eu me lembrar de você.
Nossos momentos juntos foram mágicos.
Inebriantes.
Você e essa mania de me deixar sem folego toda vez que me beijava.
Meus dias pareciam mais vibrantes quando eu lembrava que mais tarde iria vê-lo.
Toda vez que você me abraçava, parecia que o mundo tinha desaparecido e eramos transportados para um lugar calmo e refrescante.


Porém, hoje meu mundo não é mais o mesmo.
Sem os seus olhos, a lua parece que desapareceu e que todos os dias e noites são nublados e cinzas.
Não existe mais “nós” e sim “eu”.
“Eu” sozinha no meu quarto, na minha mente e no meu coração.
Não tenho mais motivos pra abrir os olhos.
E sequer comer.
Me arrasto pelo resto dos meus dias como se vivesse em um limbo sem fim.
A cada dia que passa me sinto mais fraca.
Sem cor.
Sem o frescor da vida.
E me pergunto o porque desse sofrimento sem fim.
E hoje esses dias sem sentido terão fim.
Minhas razões para continuar nesse mundo acabam agora.
E só deixo um bilhete em meu espelho que nunca mais refletiu o sol da vida:
“Sempre Te Amarei!”